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Operação Cidade de Deus é desencadeada contra organização criminosa atuante na Capital e região metropolitana

Além do tráfico de drogas e homicídios, grupo criminoso atuava em jogos de azar e na política

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Ordens judiciais foram cumpridas na Capital e região metropolitana - Foto: Renata Bianchini/PCRS

A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Gravataí, deflagrou, na manhã desta terça-feira (03), a terceira fase da Operação Cidade de Deus, no combate à organização criminosa atuante na Capital e região metropolitana, que se ocupa de tráfico de drogas, crimes violentos, como homicídios, além de jogos de azar. Foram cumpridas 82 ordens judiciais nos municípios de Porto Alegre, Gravataí, Cachoeirinha, Esteio, Guaíba, Portão, Tramandaí e Pelotas.

Na ação, 22 pessoas foram presas, entre elas um vereador do município de Cachoeirinha, o qual teve sua campanha eleitoral financiada pela facção. Entre as apreensões, estão máquinas caça-níqueis, ceduleiras, móveis, documentos, telefones celulares e drogas.

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Chefe Nadine (ao centro), delegado Milesi (a partir da esq.), sub-chefe Fábio, diretora Vanessa e diretor Cassiano. - Foto: Renata Bianchini/PCRS

Entenda o caso

A investigação teve início em julho de 2020, a partir de uma colaboração premiada que apontou a autoria de 31 homicídios praticados pela mesma organização criminosa. Os homicídios ocorreram nas cidades de Gravataí, Cachoeirinha, Porto Alegre, Canoas, Sapucaia do Sul, Guaíba, Eldorado e Taquara.

Na referida colaboração, foram indicados 79 membros de uma das maiores organizações criminosas do Estado, o que resultou na instauração de Inquérito Policial específico para apuração da estrutura criminosa. Deste trabalho investigativo restou comprovado que a organização criminosa em análise contava com divisão hierárquica precisamente definida e com separação das atividades em núcleos distintos e interligados:

Um núcleo de crimes violentos e tráfico de drogas, em que os executores dos homicídios recebiam como “prêmio” pontos de venda de drogas para administrarem, assim como adquiriam facilidades para aquisição de armas e drogas que lhes rendiam maior lucro e poder. Em suma, a violência alimentava o tráfico de drogas e os executores mais audaciosos eram beneficiados pela facção com os pontos mais rentáveis.

Outro núcleo atuava em jogos de azar (bingos e máquinas de caça-níquel), atividade que rendia à organização criminosa tanto ou mais lucro que o tráfico de drogas, com a vantagem de que a administração é menos violenta, não trazendo perdas com ataques de grupos inimigos ou apreensão de drogas e armas pela polícia. A atuação em contravenções ligadas aos jogos de azar tem como área de abrangência o sul do estado, região metropolitana, capital e litoral. Antigos chefes dos jogos de azar foram obrigados a dividir lucros com a facção ou tiveram seus pontos tomados com uso de violência e ameaças.

Ainda, foi identificado dentro da organização criminosa um núcleo político. Nesse sentido, a facção tinha como plano a infiltração de membros na esfera política, com intuito de defender os interesses da organização perante o Poder Público. O plano teve início com a eleição de um criminoso para cargo do legislativo de um município da região metropolitana na eleição de 2020. A campanha foi caracterizada por ameaças e violência contra opositores, além de pressão contínua e troca de favores com eleitores de comunidades carentes da cidade.

Na ação de hoje, foram empregados cerca de 250 policiais civis e 60 viaturas, com o apoio da Divisão Aérea da Polícia Civil.

Mais informações com o delegado Ricardo Milesi, titular da DPHPP de Gravataí.

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