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Polícia Civil gaúcha está entre as que possuem maior estrutura especializada no acolhimento às mulheres em situação de violência

Em seis anos de existência, já foram criadas 91 Salas das Margaridas em delegacias do interior do Estado

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Foi em agosto de 2019, na cidade de Santiago, que a primeira Sala das Margaridas inaugurou, mês da campanha do Agosto Lilás dedicado ao combate e prevenção à violência contra a mulher e ao aniversário da Lei Maria da Penha (que completa 19 anos nesta semana, dia 07/08). Desde então, o Rio Grande do Sul já conta com 91 Salas das Margaridas em delegacias do interior em uma das principais políticas públicas da Polícia Civil no enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher, de combate a revitimização, e também de acolhimento às vítimas e seus filhos. São espaços reservados e privativos, preparados para acolher e encorajar mulheres no processo de rompimento do ciclo da violência, onde são registradas ocorrências policiais e o pedido de medidas protetivas e demais ações que fazem parte da Lei Maria da Penha.

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A delegada Tatiana Bastos, diretora do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis (DPGV), explica que o ciclo de violência é patológico, e se retroalimenta inúmeras vezes. “No Brasil, o tempo médio que a mulher sofre calada, e tolera atos de violência, é de dez anos. Ela chega muito fragilizada nessa tomada de decisão após um processo lento, doloroso, difícil. Por isso, este é o momento que a intervenção e o atendimento podem realmente salvar e mudar vidas”. Do outro lado, está o policial responsável pelo acolhimento desta vítima. Para tanto, ele recebe uma qualificação profissional e imerge em um processo de conhecimento dos ciclos de violência. Segundo a delegada, quem não compreende esta dinâmica, não consegue fazer um bom atendimento.

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Embora os atendimentos sejam prestados preferencialmente por uma policial do sexo feminino, a diretora do DPGV pondera que os homens também oferecem um excelente trabalho. “ O que significa que não é uma questão de sexo, nem de gênero, mas de perfil, de capacitação e também de estrutura emocional. Uma mulher adoece muito mais rápido num plantão policial, principalmente em atendimento a grupos vulneráveis (mulheres e crianças em situação de violência), porque são gerados processos de acionamento de gatilhos e identificação com aquelas violências. Ela ressalta também que neste processo há uma ressignificação da figura masculina para as vítimas que trazem experiências muito negativas e podem contar com a ajuda de homens cuidadores, que não possuem perfil de agressor.

Sala-conceito

A Sala das Margaridas possui um layout diferenciado em relação ao resto dos recintos da delegacia com o objetivo de trazer para esta sala-conceito uma identidade positiva, de força e resiliência. “A margarida é a flor mais resistente que temos, cada pétala que cai no solo gera uma nova flor, representando toda a beleza, mas também a força e a resiliência típicas do feminino. Além disso, a margarida é a flor do bem me quer, mal me quer que remete também ao ciclo da violência”.

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Em todas as salas pelo interior do Estado, há as palavras respeito e proteção impressas na parede. Elas são direcionadas não só para a vítima, mas também para o policial começar um processo de descompressão, e assim oferecer o melhor acolhimento, em um atendimento empático e humanizado, respeitando o tempo do desabafo, no qual a mulher possa organizar suas ideias e dar vazão a sua angústia. “Essa sala lembra o policial da importância da escuta especializada”.

Polícia Civil RS