Após investigações que duraram aproximadamente um ano, a Polícia Civil indiciou nove pessoas por diversos crimes ocorridos em adoções ilegais na cidade de Santiago. A partir de denúncia anônima, verificou-se que, no primeiro caso, uma grávida que não queria ter o bebê, teria sido procurada por sua cunhada, viúva de um militar, para ficar com a criança. Para isso, a grávida foi internada em um hospital de Santiago, utilizando o nome da viúva, tudo sendo intermediado por uma médica do próprio hospital. No entanto, o esquema foi descoberto por uma enfermeira e o suposto erro teria sido corrigido na documentação do hospital. Por fim, o então companheiro da viúva teria registrado a criança como sendo seu filho e da mãe biológica.

Segundo o delegado João Carlos Brum Vaz, os envolvidos nesse primeiro caso foram indiciados pelo crime de formação de quadrilha, além de falsidade ideológica, falsa identidade e registrar como seu o filho de outrem.

Já o segundo caso envolve uma gestante que também não queria ter o bebê e recebeu a proposta de um casal para ficar com a criança. Em troca, o parto e os exames pré-natais seriam custeados pelos falsos pais. Ocorre que a gestante, arrependida, acabou levando o fato ao conhecimento da Polícia Civil local. Inicialmente, a mulher teria dito que o pai que registrou o filho, o homem do casal, não era o pai biológico. Posteriormente, mudou sua versão dizendo que ele era seu amante. A Polícia não acreditou nessa versão e indiciou todos por formação de quadrilha, além dos crimes específicos que cada envolvido praticou: registrar como seu o filho de outrem e pelo delito de prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa.

Ainda foram indiciados o obstetra que efetuou o parto, por não avisar à Autoridade Judiciária quando tem conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção (Art. 258-B do ECA), bem como a acompanhante da gestante durante a internação por falso testemunho.

Ainda está sendo investigado um terceiro caso, onde uma mãe teria dado a luz a uma criança na periferia de Santiago, abandonando-a em um vaso sanitário. Conforme o delegado, não foi localizado o corpo do bebê, e novas averiguações estão sendo realizadas por conta de denúncias recentes que a criança estaria com um casal da cidade. As investigações irão apurar se este é mais um caso de adoção ilegal de crianças na Região Central do Estado.

Fonte: DP de Santiago

Escrivão Jorge Felipe