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Polícia Civil deflagra Operação Camisa 2 no combate à organização criminosa atuante no tráfico de drogas

175 ordens judiciais foram cumpridas no RS, SC, PR e MS

Publicação:

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Operação Camisa 2.

A Polícia Civil, por meio da 3ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico (3ªDIN/Denarc), deflagrou nesta quinta-feira (19) a Operação Camisa 2. O objetivo da ofensiva é combater uma organização criminosa criada no bairro Bom Jesus, na zona leste de Porto Alegre.

Foram cumpridos 59 mandados de prisão preventiva, 94 mandados de busca e apreensão, além de 16 bloqueios de contas bancárias e seis sequestros de veículos referentes à investigação de um grupo criminoso com origem na zona leste da Capital e atuação na região metropolitana e interior do estado. As ordens judiciais foram cumpridas nas cidades de Paranhos (MS), Maringá e Sarandi (PR), São José (SC) e Porto Alegre, Lajeado, Encantado, Estrela, Candelária, Santa Cruz do Sul, Cachoeirinha, Gravataí, Alvorada, Viamão, Canoas e Osório (RS).

Até o momento, 50 pessoas foram presas. A ação ainda resultou na apreensão 67 quilos de maconha, 66 quilos de cocaína, R$ 84 mil reais, 2 veículos, 2 armas de fogo, munições, carregadores, 01 drone, 02 antenas de roteamento de internet e diversas balanças de precisão.

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Apreensões.

As investigações foram embasadas por cinco fatos:

1 - No dia 30/09/2023, no bairro Parque da Matriz, em Cachoeirinha, houve a prisão em flagrante de um homem e de uma mulher, os quais estavam na posse de um tablete e uma porção de crack, no total de 1.083 gramas, dois tabletes e 29 porções de cocaína no total de 3.801 gramas, 1.989 microtubos do tipo eppendorf de cocaína, no total de 1.293 gramas, mistura para adicionar na cocaína pesando 2.338 gramas, balanças de precisão, prensa, farta munição, duas pistolas calibre 9 mm com numeração suprimida, um kit roni, cadernos com anotações e várias embalagens e petrechos para preparar as porções de droga para venda aos usuários;

2 - No dia 03/05/2024, no bairro Parque dos Eucaliptos, em Gravataí, um homem foi preso em flagrante por tráfico de drogas (mais de 83 kg de maconha), porte ilegal de munição de uso permitido e restrito, além de receptação e adulteração de sinal identificador de veículo automotor. Nessa data foram apreendidos mais de 10 potes de miguelitos (ferros retorcidos utilizados para furar pneus);

3 - No dia 17/05/2024, a Brigada Militar apreendeu, na BR 386, em Lajeado, a quantia de 2,4 toneladas de maconha e efetuou a prisão de um membro da organização criminosa investigada;

4 - No dia 18/06/2024, um dos líderes do grupo investigado é preso em Porto Alegre. O indivíduo estava foragido e foi autuado por porte ilegal de arma de uso restrito. Além da arma de fogo, também foram apreendidos dinheiro, celulares, computador e caderno com anotações em poder do preso;

5 - No dia 25/06/2024, no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre, foi realizada a prisão de um homem que estava na posse de 220 kg de maconha e balança de precisão.

Da investigação decorrente destes fatos, e sobretudo com a prisão de um suspeito de 31 anos em Porto Alegre, no dia 18 de junho de 2024, foi possível desvendar a existência de uma célula da organização criminosa com origem na zona leste da Capital, denominada de “A Camisa”.

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Operação Camisa 2.

Segundo o Delegado Joel Wagner, essa célula é responsável pela comercialização, principalmente, de maconha na região metropolitana e interior do RS, como por exemplo Lajeado, Encantado, Estrela, Cruzeiro do Sul, Candelária, Santa Cruz do Sul, Capão da Canoa, Butiá, Rosário do Sul, Cachoeirinha, Gravataí, Cachoeira do Sul, Alvorada, Viamão, Canoas, Cidreira, Porto Xavier, Triunfo e Osório, entre outros municípios. “Em algumas oportunidades, agiam em consórcio com outras organizações criminosas, como o grupo criminoso que atua no Vale do Sinos para trazer as drogas para o estado, tanto que também são cumpridas ordens judiciais de prisão e busca em Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina”, esclareceu o Delegado.

A organização criminosa investigada teve participação no roubo ocorrido em Caxias do Sul, no dia 19/06/2024, quando membros integrantes de um grupo criminoso paulista executaram uma das maiores operações criminosas da história do RS: o roubo de 30 milhões de reais, que eram transportados por via aérea desde o estado do Paraná, no preciso momento em que os valores seriam descarregados da aeronave para um carro-forte de uma empresa de transporte de valores, em uma ação que culminou na morte um policial militar. Os fatos foram investigados pela Polícia Federal.

O indivíduo preso no dia 18/06/2024, além de gerenciar a gestão da célula denominada de “A Camisa” e de ter participação no latrocínio ocorrido em Caxias do Sul no dia 19/06/2024, esse investigado participou do roubo de uma aeronave no dia 08/04/2017, quando contratou junto a uma empresa de tráfego aéreo, um vôo fretado do aeroporto de Canela até uma propriedade rural situada em Triunfo, argumentando que seria um presente aos pais o sobrevoo na cidade. Ao pousar, o piloto foi subjugado por, pelo menos, seis pessoas armadas com fuzis e pistolas que o mantiveram em cárcere no banheiro com as mãos amarradas para trás com arame. Na sequência, outro membro do grupo criminoso pilotou a aeronave por cerca de quatro minutos, retornando novamente à propriedade rural, abandonando o helicóptero no local e libertando o piloto na antiga Vila Dique, em Porto Alegre. Suspeitava-se, à época, que a aeronave poderia ser utilizada para o resgate de um preso no complexo penitenciário em Charqueadas.

Da distribuição das drogas:

O modo de atuação da organização criminosa na prática do tráfico de drogas consiste na entrada dos entorpecentes por cidades fronteiriças situadas no Mato Grosso do Sul e Paraná, que são enviados pelos fornecedores aos compradores (agiam, por vezes, em consórcio), sendo transportados, em sua maior parte, por caminhões registrados em nome de terceiros, integrantes do grupo pertencentes ao menor escalão.

Depois de chegar ao estado, a droga era distribuída aos membros da organização criminosa para vendê-las aos consumidores finais de acordo com seus territórios. Como consequência necessária dessas negociações ilícitas, diversos pagamentos eram realizados por meio de dinheiro e transferências bancárias, tendo o grupo movimentado no período investigado mais de R$ 4.200.000,00 (quantia estimada, tendo em vista as transações bancárias realizadas pelos suspeitos e pelo valor da droga apreendida nos cinco fatos que embasam a investigação).

A investigação apontou que havia o seguinte grau hierárquico da célula da organização criminosa identificada: lideranças; subordinados diretos; fornecedores; líderes/gerentes de cidades, bairros, regiões ou estabelecimentos prisionais; e intermediários financeiros.

Entre os alvos identificados, estão integrantes da cúpula da organização criminosa gaúcha com origem na zona leste, os quais respondem por diversos crimes como homicídios, tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro, muitos deles já recolhidos ao sistema prisional. Além disso, além de integrantes da cúpula do grupo criminoso, também foi identificado um dos mais conhecidos ladrões da história do RS, que respondeu por dezenas de ataques a carros-fortes no início dos anos 2000, demonstrando que, em muitas vezes, ocorre a migração de assaltantes para o tráfico de drogas.

Um dos líderes do grupo, com origem no bairro Bom Jesus e também alvo da operação de hoje, foi um dos responsáveis pela morte de um apenado, ocorrida em 23 de novembro de 2024, no interior da Penitenciária Pecan III, em Canoas.

Além do tráfico de drogas, os alvos da operação possuem antecedentes policiais pela prática de  crimes como porte ilegal de arma, adulteração de sinal identificador de veículo automotor, organização criminosa e lavagem de capitais.

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Operação Camisa 2.

O Diretor de Investigações do Denarc, Delegado Alencar Carraro, reafirma o compromisso de atuação incessante no desmantelamento, prisão e retirada de bens das principais lideranças das organizações criminosas do RS: “A operação de hoje é mais um recado para a organização criminosa com origem na zona leste da Capital de que a Polícia Civil, através do Denarc, está atenta às ações criminosas gestadas e implementadas no RS.

Já o Diretor do Denarc, Delegado Carlos Wendt, reforça o comprometimento do Departamento no combate ao narcotráfico através de investigações que objetivam responsabilizar indivíduos que estejam na cadeia de comando de grupos criminosos e a respectiva descapitalização de tais grupos.

Polícia Civil RS