Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Início do conteúdo

Polícia Civil entrega inquérito sobre Operação Pegasus, deflagrada em combate à lavagem de dinheiro e à organização criminosa

Ação foi realizada em 10 estados em junho de 2022.

Publicação:

-
Organização criminosa movimentou quase R$350 milhões em cinco anos. - Foto: PCRS

A Polícia Civil, através da Delegacia de Repressão a Lavagem de Dinheiro (DRLD) do Denarc, envia nesta segunda-feira (30) o Inquérito Policial da Operação Pegasus ao Poder Judiciário.

A investigação apurou e desarticulou uma rede complexa de lavagem de capitais, relacionada a distribuição de drogas no Estado, a partir de facções das zonas leste e sul da capital gaúcha, bem como Vale do Sinos, interligada com alvos de uma grande facção nacional.

Deflagrada em junho de 2022, a operação foi realizada em dez estados brasileiros (RS, SC, PR, MS, SP, MG, BA, GO, RO e AM), em uma investigação que durou um ano e identificou mais de 43 operadores nestes locais. Foram presas 18 pessoas no dia da operação, sendo que alguns suspeitos confessaram os delitos.

Ao total, durante a investigação e no dia da deflagração, 502 Medidas Cautelares dentre afastamentos de sigilos bancários, financeiros, fiscais, telemáticos, mandados de busca, prisões e sequestros de bens foram deferidos.

O total de movimentação financeira da organização, durante cinco anos, foi de R$ 347 milhões, principalmente usando o sistema financeiro, em uma lavagem de capitais sofisticada, também por meio da bolsa de valores e criptomoedas.

O total indisponibilizado/sequestrado pode chegar a R$ 4 milhões de reais, dentre bens móveis, imóveis e ativos financeiros. No dia da ação, foram apreendidas armas, drogas, material de preparo de distribuição de entorpecentes, dólares, pesos, R$ 200 mil em espécie, documentos, cheques em branco, mídias, dentre outros.

Em uma ação controlada, feita pela 4ª DIN/DENARC, com alvos gaúchos da operação, foram apreendidos uma tonelada de maconha e R$ 500 mil em espécie na região metropolitana. Em outra, da 2ª DIN/DENARC, fuzil e cocaína na zona leste da capital.

-
Entorpecentes apreendidos durante a operação. - Foto: PCRS



O modus operandi da organização, com alta complexidade e divisão de tarefas, consistia em usar empresas reais, fantasmas e de fachada, a fim de receber pagamentos de líderes da facção gaúcha sediada em Porto Alegre, bem como usar grandes operadores de lavagem de capitais e laranjas pessoas físicas, empresários, comerciantes, sem antecedentes, a fim de dar aparência de legalidade às transações.

Além disso, realizavam o transporte de altas quantias, após centenas de transações no sistema financeiro nacional, utilizando de depósitos e saques fracionados, pulverizados nestas empresas e pessoas físicas, utilizando cheques ao portador, dentre outras técnicas complexas de burla às fiscalizações administrativas.

Os valores eram destinados aos grandes distribuidores de cocaína, sediados principalmente em São Paulo e Mato Grosso do Sul, a partir de compra por líderes estaduais destas duas facções uma sediada em Porto Alegre e outra no Vale dos Sinos.

O fluxo de ativos espúrios, a partir de Porto Alegre, chegava em São Paulo, e de lá partia para os demais estados, através de empresários ligados a facção nacional, em um emaranhado de transações de alta expertise. Foram bloqueados os bens destas empresas e de seus diretores, que também foram presos no dia da operação.

Os valores eram destinados também a portos, fronteira, empresas reais e de fachadas ligadas a explosivos, aviação, barcos, criptomoedas, extração de pedras, dentre outras. Há a suspeita, ainda sob investigação, de valores e cocaína destinados à Europa.

O retorno dos valores, já com aparência de legalidade, eram destinados a doleiros do sul do Estado, presos no dia da operação, que em um núcleo muito bem articulado de pessoas físicas e empresas, realizavam nova etapa no sistema financeiro, a fim de retorno aos traficantes gaúchos e também nova remessa ao centro do país para investimentos em criptomoedas e saques por operadores da facção nacional, em um ciclo constante. Somente um destes alvos do sul do Estado movimentou R$ 21 milhões em seis meses.

-



Três empresas de São Paulo e uma em Mato Grosso do Sul tiveram suas contas e bens bloqueados, com prova robusta de mescla e integralização de capitais espúrios.

Os alvos estão sendo indiciados por lavagem de dinheiro e organização criminosa, sendo os operadores logísticos também já indiciados anteriormente por tráfico de drogas em outros expedientes policiais.

Conforme o Delegado Adriano Nonnenmacher, titular da DRLD/Denarc, trata-se de mais uma operação interestadual que demostra o poderio financeiro de narcotraficantes gaúchos, em associação com a principal organização criminosa de distribuição de drogas da América Latina.

Segundo o Delegado Alencar Carraro, Diretor de Investigações do Denarc, foi uma ação altamente complexa do ponto de vista investigativo e operacional, bem como exitosa, com formação de provas robustas e desarticulação desta rede gaúcha e interestadual.

Para o Delegado Carlos Wendt, Diretor-Geral do Denarc, estas Operações contra a alta cúpula de quadrilhas gaúchas e suas ligações com a facção nacional servem para impedir a instalação destes criminosos no Estado, com efeito preventivo especial e geral.

Polícia Civil RS